domingo, 30 de maio de 2010

Divagações políticas

Já que este ano teremos eleições (e estou muitíssimo ansiosa para que esse momento chegue logo), posto aqui a conclusão do artigo que desenvolvi para uma disciplina da faculdade.

"A Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822, marcou o fim do domínio português e a conquista da autonomia política. Mas será que exercemos nossa independência por completo?

O voto livre e independente não priva de reflexão. Supõe-se que seja de extrema importância parar para refletir o que representa a ação de teclar os números do candidato na urna eletrônica e pressionar o botão de confirmação. A conquista do voto livre trouxe a responsabilidade do voto consciente. Mas, mesmo assim, supõe-se que conquistar a consciência para exercer o voto livre e independente seja uma obrigação da população de países democráticos como o Brasil.

Além disso, acredita-se que os planos de governo propostos pelos candidatos, e contemplados com o sufrágio, resolvam as angústias e necessidades dos eleitores. No entanto, mais do que verificar quais itens estão pautados, deve buscar-se quais as propostas para solucionar os problemas observados e, não apenas contemplar certo candidato com o voto em função de simpatia, honestidade, credibilidade, entre outros. Embora estes itens sejam importantes, não são os únicos a figurar na escolha de um voto. A consciência da população ajuda na escolha de bons governantes, ao mesmo tempo em que a pró-atividade deve estar intrínseca na ação de votar. Acredita-se que esta pró-atividade dos eleitores ajude a mudar a cidade, o estado e o país no qual residem. Duas mãos, uma cabeça e um coração unidos com o mesmo propósito: Um futuro melhor para todos.

Muitos morreram para a conquista de nossa independência, por exemplo, Tiradentes durante a Inconfidência Mineira. Independência conquistada, democracia em marcha e o que pesa é a inconsciência inconsequente de pensar que o voto não pode mudar a política, a cidade e as perspectivas sobre o futuro. A consequência, triste e um tanto quanto desesperadora, é viver em uma sociedade fragmentada, nada pró-ativa, pouco reativa e conformada com o que lhe é dado. Afinal, quem é o empregado nessa história, o político ou a sociedade?

Quanto aos políticos, acredita-se que sejam cada vez mais profissionais e tenham, mas do que nunca, um vínculo “full time” com o mundo político. Isso, de certa forma, reduz o componente chamado de sonho, de utopia. Supõe-se que eles exercem um trabalho no qual precisam estar bem informados sobre o que interessa à vida das pessoas que formam sua base de apoio, ou na de potenciais eleitores. Desta forma, não estão na política para defender um ideologia, e, sim, para satisfazer necessidades próprias, sejam estas de natureza econômica, profissional ou pessoal.

Que este artigo desperte a consciência independente de cada indivíduo, seja este eleitor ou político. Que ninguém queira ser o mártir de uma sociedade que clama por um salvador. Que a sociedade seja repleta de heróis e salvadores e que seus representantes sejam tão conscientes e pró-ativos quanto ela. Que o grito de independência desferido no Ipiranga sobrepuje nossas esperanças de que dias melhores, mais conscientes e participativos, virão".

Extrato do artigo Política: O contexto da escolha de novos líderes para o país, escrito por Carina Schmitt.


Para concluir, deixo aqui uma frase do Bismark, a qual escolhi como epígrafe para este artigo: "A política não é uma ciência, como supõe a maioria dos senhores, mas uma arte".

sábado, 22 de maio de 2010

É outono!


Não há nada como o outono.
O verão se transforma, lenta e progressivamente, no inverno.
Dança de cores.
Verdes brilhantes.
Tons dourados, amarelados, alaranjados, avermelhados... Marrons inoperantes.
Beleza e prazer.
Manhãs enevoadas.
Sol ameno.
Céu azul (às vezes encoberto de pesadas nuvens).
Dias em tons castanhos.
Fogo na lareira, um bom vinho... Calor humano.
Tardes que lembram outras tardes.
Noites frias e, há muito, adormecidas.

domingo, 16 de maio de 2010

Metamorfose


Hoje, de forma diferente, posto aqui uma fotografia que tirei há algum tempo, e, junto com ela, uma breve e sutil reflexão.
(Quem sabe, repetirei isso mais vezes, já que adoro fotografia).

Como escreveu, em certa oportunidade, Rubens Alves: "Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses".
Desta forma, creio que devemos permitir que a mudança aconteça (por mais dolorida que seja em certas ocasiões). Sem ela, a lagarta eternizar-se-á e a beleza da borboleta jamais existirá.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Amizade

Confiança, afeição, aliança, dedicação, apreço, respeito, camaradagem, consideração, ternura, aconchego, compreensão, solidariedade, felicidade.

Amizade é própria de quem se quer bem; é o sentimento que aproxima as pessoas. Além disso, é um dos poucos (se não o único) antídoto contra a solidão. E não precisa ser uma amizade grandiloquente, do grude 24 horas. Uma amizade pode ser, ao mesmo tempo, leve como uma brisa e forte como uma ventania. Falo aqui da amizade entre indivíduos do mesmo sexo, bem como de sexos opostos... Falando em amizade entre homens e mulheres, sou adepta ao que escreveu Martha Medeiros em uma de suas crônicas: “Quando ouço que não existe amizade entre homem e mulher por causa da possibilidade de um envolvimento amoroso, me pergunto: E daí? Qual o problema de haver sensualidade no ar?”. Amigos homens são tão imprescindíveis quanto as amigas mulheres. Amigo homem é bom por que eles não falam toda hora sobre roupas, bolsas, liquidações e namoricos. Amigo homem ri das nossas manias, não faz drama e, sob hipótese alguma, vai pedir roupa emprestada.

Para os filósofos gregos a amizade era sempre expressão da virtude. Pitágoras, que dirigia pessoalmente um grupo filosófico de amigos, chamava a amizade de mãe de todas as virtudes. Para Sócrates o amigo tem que ser como o dinheiro, que antes de necessitá-lo, sabe-se o valor que tem. Ser amigo não é coisa de um dia. São gestos, palavras e sentimentos que se solidificam com o tempo e não se apagam jamais.

Em minhas buscas por definições para o termo “amigo”, acabei por encontrar o seguinte trecho: “Animal ou vegetal que se dá bem com alguém ou alguma coisa”. No mesmo instante fiquei meio chocada com a palavra “vegetal”, mas após refletir um pouco, percebi que a afirmação é real: quem nunca teve, afinal, um amigo em estado vegetativo, (daqueles que necessitam ouvir “Respire. Isso te manterá vivo”)? Eu tenho um.

Amigos são de todo tipo: Existem aqueles amigos malas, mas que, nem por isso, deixam de ser nossos amigos, amigos CDF’s (ou nota 10) que passam o dia sobre os livros e cadernos, amigos com vocação pra animadores de festa infantil, amigos fantásticos com os quais você passaria horas conversando sobre filmes, livros, história, e, até mesmo, lhamas, caso o assunto se esgote. Amigos com os quais se tem liberdade para conversar sobre sentimentos escusos e sobre a forma como se sente em relação a determinados fatos. Amigos que te entendem. Amigos pra tomar um chopp num sábado à noite. Amigos “das antigas” ou recentes. Amigos que criticam. Amigos generosos. Amigo virtual. Amigos que se mantêm amigos até mesmo no silêncio da distância.

Embora existam inúmeros tipos de amigos, e cada amigo com uma personalidade própria, sempre haverá algum (ou alguns) que nos encanta(m) mais. Amizade também é compartilhar. Querendo ou não, todos temos um perfil. Temos um conjunto de características que nos torna únicos. Acabamos por oferecer estas características aos demais, enquanto que os outros fazem a mesma coisa em relação à gente. Caso haja empatia pela essência alheia, que é compartilhada na troca, surgirá uma afinidade imensa, uma consideração infinita e uma aliança inacreditável.

Fica aqui, então, uma singela homenagem, bem como um agradecimento aos meus amigos, principalmente àqueles que tanto me encantaram e continuam me encantando em função da singularidade de seus jeitos, modos, ações e pensamentos (Não citarei nomes, por que eles sabem quem são). Cada bom amigo que tenho me aperfeiçoa e me enriquece, não pelo que me dá, mas pelo quanto me torna capaz de descobrir sobre mim mesma.

sábado, 8 de maio de 2010

Deixar ir

Desapegar-se. Uma complicada arte para a maioria dos indivíduos (ao menos para aqueles guiados pela emoção, e não pela razão).

O exemplo mais simples de desapego vem das abelhas. Após construírem a colméia, abandonam ela. E não a deixam morta em ruínas, mas viva e repleta de alimento. Todo mel que fabricaram além do que necessitavam é deixado. Batem asas para a próxima morada sem olhar para trás. Num ato incomum, abandonam tudo o que levaram a vida para construir. Simplesmente "soltam" sem preocupação. Deixam o melhor que têm (sem choro nem vela) seja pra quem for.

"Deixar ir" não significa que estamos negligenciando, sendo fracos, despreocupados ou desatenciosos. Na maioria das vezes, quando você se faz responsável pelos outros, acaba se tornando irresponsável consigo mesmo. Chega um dia em que, se você não deixar tudo para trás, também não vai para frente. Dizer adeus, nestes casos, é a melhor opção. Tudo tem começo e meio. O fim só existe para quem não percebe o recomeço. É preciso, por mais duro que seja, fechar os olhos e parar de sentir com o coração... Dar o primeiro passo, a primeira reza e o último beijo...

terça-feira, 4 de maio de 2010

Cô.mo.do - 1.Que oferece conforto; confortável.

Co.mo.di.da.de s.f. 1. Qualidade de cômodo; vantajoso; confortável. 2. Bem-estar; conforto.

A opção por ser um comodista é até lógica: é menos estressante e muito menos desgastante. Não é minha intenção criticar escolhas que cabem a cada um de nós, de modo pessoal. As escolhas fazem parte da nossa vida e, acredito não haver certo e errado "universais". No entanto, cada escolha é também uma renúncia, e as consequências, tanto positivas, quanto negativas, estão por vir... (Lembre-se de "apertar o cinto").
Neste contexto, pergunto-me: E se vivessemos em um mundo totalmente comodista? Certamente não se teria descoberto o fogo, nem inventado a roda e, ao que tudo indica, estaríamos vivendo em cavernas. Neste sentido, o inconformismo do Homem tem um poder imenso: sua "sede" por descobertas e criações, com o passar dos anos, fez com que a humanidade evoluísse (Lembre-se: são as perguntas que movem o Mundo, e não as respostas). Como escreveu Stephan Hawking em seu livro "O Universo numa Casca de Noz":
“É melhor viajar com esperança do que chegar. Nossa busca de descobertas alimenta nossa criatividade em todos os campos (...) Se chegássemos ao fim da linha, o espírito humano definharia e morreria. Mas não creio que um dia sossegaremos: aumentaremos em complexidade, se não em profundidade, e seremos sempre o centro de um horizonte de possibilidades em expansão”. Sendo assim, é importante que se tenha sempre um ponto onde chegar; algo a alcançar. As possibilidades de expansão da humanidade só são possíveis graças a crença de que o aprimoramento e crescimento (pessoais e coletivos) são fundamentais para a visão de novos horizontes.

domingo, 2 de maio de 2010

Prazer, Carina.

Sou o que você vê ou o que quero mostrar. O que aqui um dia estava, não está mais. O que está agora, jamais irá durar definitivamente. Sou, cada vez mais, o que quero ser. Republico-me. Reinvento-me. Transformo-me na melhor edição feita por mim mesma. Eu caio, me ergo, aprendo, sumo, apareço, odeio, amo… Mas no momento seguinte pode ser diferente. Diferente pelo simples fato de que as coisas mudam (E é claro que nem tudo que muda deveria mudar). Como disse o filósofo pré-socrático Heráclito de Éfeso, pai da dialética: "Nada existe de permanente, exceto a mudança", Raul Seixas com sua famosa frase: "Eu prefiro ser esta metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo" e a música do Lulu Santos: "... tudo passa, tudo sempre passará. A vida vem em ondas, como o mar num indo e vindo infinito. Tudo que se vê não é igual ao que a gente viu a um segundo. Tudo muda o tempo todo no mundo...".
Vamos ser abertos e ter conceitos provisórios. Por enquanto estou pensando assim, estou fazendo assim, mas amanhã não sei. Amanhã é outro dia. Garantia? Isso eu não tenho de absolutamente nada. Como escreveu Clarice Lispector: "Corro perigo, como toda pessoa que vive e a única coisa que me espera é exatamente o inesperado". Amanhã posso ver o mundo diferente, ou não. Também não estranho mais se você pensa diferente de mim. Jamais estranho a estranheza alheia e sei que o certo e o errado jamais poderão ser definidos.

(Postagem inaugural ;D)