domingo, 28 de novembro de 2010

O Tamanho das Pessoas

Uma pessoa é enorme quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravado.
É pequena, quando só pensa em si mesma, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade, o carinho, o respeito, o zelo e, até mesmo, o amor.
É gigante, quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto com você.
É pequena quando desvia do assunto.
É grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma.
É pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês.
Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande. É a sua sensibilidade, sem tamanho.

sábado, 27 de novembro de 2010

Nem Sempre

O que se quer ouvir é o que se ouve, de fato. Comida natural é melhor do que a industrializada. Tecnologia faz bem. Por si só, a lucidez nos leva para um bom porto. O que as pessoas dizem é o que elas fazem de verdade. Vitrines convencem. As loiras são burras. Mais é melhor. Classe C quer preço baixo. Recebe-se respostas sempre. O cliente tem razão. Competência é o suficiente. A brincadeira sempre sai como o esperado. Ilusão é algo ruim. O mundo sempre foi assim. Ter muitas opções é sinônimo de satisfação. Os grandões são os melhores. Ideias são oportunidades. Os fins justificam os meios. As coisas são o que parecem ser. As notícias voam.
Nem sempre.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Hoje

Aquela alegria ainda está comigo. A minha ternura não ficou na estrada, não ficou no tempo, não ficou presa na poeira do caminho. Eu me gosto muito mais, porque me entendo muito mais também. Eu tenho certeza. E sou feliz por tê-la. Hoje eu entendo e, enfim, aceito. Há serenidade. Há um novo começo movido por forças não tão novas assim. Há uma continuação de tudo que antes não foi. Hoje vejo a minha própria força, a minha própria fé e a justificativa existe quando olho, bem fundo, até o dedão do pé.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O Amor?

A palavra amor vem do latim amor, que quer dizer “amizade, dedicação, afeição, ternura, desejo grande, paixão, objeto amado”. Os registros históricos sobre a evolução gráfica do vocábulo indicam que o termo já aparece grafado como amur no século XIV e aamoor e hamor no século XV.


É, sem sobra de dúvida, uma das palavras mais fascinantes em todos os idiomas e culturas. Até porque, independentemente da língua escolhida os significados desse termo trazem em seu bojo um caráter vigoroso e múltiplo.


O amor é um conceito diverso, repleto de contrastes, antíteses, paradoxos e peculiaridades que o tornam, ao mesmo tempo, singular e complexo. Defini-lo é muito mais do que uma simples demonstração de conhecimento linguístico. É, antes de tudo, uma empreitada desafiadora.


Prova de toda essa variedade de significações e dessa intensa batalha de antíteses presentes numa mesma palavra pode ser evidenciada num pequeno rol de citações que explicita boa parte de sua dinâmica conceitual. O amor pode justificar, determinar, agregar, permitir, superar, perdoar, prolongar, solicitar. O amor também condena, desnorteia, absolve, revela, esconde, simula, expõe. O amor orienta, desnorteia, incendeia, esfria, congela, ferve.


No amor estão presentes, ao mesmo tempo, os quatro elementos e os cinco sentidos. Por ele se luta, por ele se ganha, por ele se perde, por ele se joga, por ele se brinca, por ele se chora, por ele se vive, por ele se morre... Ele ataca e defende, derruba e sustenta, grita e silencia.


Seja na gramática ou na poesia, seja na etimologia ou na filosofia, a verdade é que basta estar vivo para saber, de maneira consciente ou insciente, que o amor transcende qualquer ciência. Ele nasce, cresce e se multiplica, ocupando espaços maiores e menores, mas sempre edificados com o que há de mais nobre no espírito e no coração do ser humano.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Sem Evitar

Quando se fica triste, quer-se que a alegria venha prestar socorro em minutos. Não é confortável atravessar ruas desertas, pontes frágeis, transversais melancólicas. Não é prático percorrer um trajeto longo até conquistar um estado de espírito melhor. O que se quer, é uma transformação imediata: da tristeza para a alegria, sem escala nem demora.


No entanto, viver é uma caminhada e tanto, e não se tem essa “colher de chá” de selecionar onde descer e quando descer. É preciso passar por tudo: desânimo, desesperança, sensação de fracasso. Perda. É preciso sentir assim até que se consiga chegar a uma praça arborizada, onde há uma possibilidade. Um crescimento talvez. Uma conquista relacionada ao bem estar pessoal. E onde iniciam outras dezenas de ruas, outras tantas passagens, e a gente segue caminhando. Novamente. Sem evitar.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Brief für Dich

(Friedrich 'Wilhelm' Nietzsche - A Gaia Ciência - Livro IV)


“Nós éramos amigos e nos tornamos estranhos um para o outro. Mas está bem que seja assim, e não vamos nos ocultar e obscurecer isto, como se fosse motivo de vergonha. Somos dois barcos que possuem, cada qual, seu objetivo e seu caminho; podemos nos cruzar e celebrar juntos uma festa, como já fizemos e os bons navios ficaram placidamente no mesmo porto e sob o mesmo sol, parecendo haver chegado o seu destino e ter um só destino. Mas então a toda poderosa força de nossa missão nos afastou novamente, em direção a mares e quadrantes diversos e talvez nunca mais nos vejamos de novo ou talvez nos vejamos, sim, mas sem nos reconhecermos: os diferentes mares e sóis nos modificaram! Que tenhamos de nos tornar estranhos um para o outro é lei acima de nós: justamente por isso devemos nos tornar também mais veneráveis um para o outro! Justamente por isso deve-se tornar mais sagrado o pensamento de nossa antiga amizade! Existe provavelmente uma enorme curva invisível, uma órbita estelar em que nossas tão diversas trilhas e metas estejam incluídas como pequenos trajetos. Elevemo-nos a esse pensamento! Mas nossa vida é muito breve e nossa vista muito fraca, para podermos ser mais que amigos no sentido dessa elevada possibilidade. E assim vamos crer em nossa amizade estelar, ainda que tenhamos que ser inimigos na Terra”