terça-feira, 28 de setembro de 2010

Curingas

"Um curinga é um pequeno bobo da corte; uma figura diferente de todas as outras. Não é nem de paus, nem de ouros, nem de copas e nem de espadas. Não é oito, nem nove, nem rei e nem valete. É um caso à parte; uma carta sem relação com as outras. Ele está no mesmo monte das outras cartas, mas aquele não é seu lugar. Por isso pode ser separado do monte sem que ninguém sinta falta dele."
O curinga, uma figura tão diferente de todas as outras. Não pertence a nenhuma "família", e, por isso, não é tão comum assim quanto as outras cartas. Mas será que sua falta não é sentida? Será que o curinga do jogo não tem sua função específica? Será?
Como escreveu Jostein Gaarder, "'- Há sempre um curinga que não se deixa iludir. Quem quer entender o destino, tem de sobreviver a ele.'" Pois bem, assim acredito que essa história de curingas pode ser muito bem relacionada à nossa vida e às pessoas que nela existem (isso porque metáforas sempre caem bem para explicar o inexplicável).
Assim como existe o curinga que é uma figura tão diferente das outras, que não se deixa iludir e que é um caso á parte, também existem pessoas "curingas". Pessoas estas que não permitem que o mundo estacione, que fazem a vida e todos seus significados continuarem. E elas fazem a diferença sim. Questionadores, filósofos, sem acomodações de qualquer espécie. Figuras únicas.
Por outro lado, também existem aquelas pessoas "carta 'normal' de baralho". Aquelas que não nos causam nenhuma sensação. Que não se perguntam sobre as ocasionalidades desse mundo. Não sentem. Apenas existem e não possuem uma tonalidade inquietante e brilho questionador. Paus, ouros, copas e espadas têm de monte. E de monte mesmo, assim como num baralho.
A única certeza é que "(...) um curinga continua perambulando pelo mundo. E ele se encarregará de não permitir que o mundo se acomode. A qualquer momento, em qualquer parte, pode aparecer um pequeno bobo da corte usando um barrete e uma roupa cheia de guizos tilitantes. Ele nos olhará nos olhos e perguntará: Quem somos? De onde viemos?"
Nem tudo o tempo reduz a pó. Sempre haverá um curinga fazendo seus "malabarismos"... E que bom!

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