segunda-feira, 5 de julho de 2010

Presente Figurado

Início e grandeza. Mesmo mal te conhecendo, sofria de uma urgência de falar o quanto eu aprendi nesses poucos anos, o tanto que eu carreguei de bagagem, como alguém que volta de uma viagem cansada, mas ainda tem força pra mostrar as fotos. Eu te chamei, disfarçando essa inocência com algum conhecimento adquirido ao longo do tempo. E ostentando um resquício de orgulho, exibi meus valores, princípios e tudo aquilo que me fazia pensar ser uma mulher relativamente vivida. E você respondeu com silêncio. Um silêncio de alguém que escuta, atento, uma informação que na verdade poderia continuar não dita. Dedicado em interpretar cada palavra, gesto e tom de voz, você me deixou falar quando ninguém mais no mundo me ouvia...

Tristeza. Como uma criança que acabou de cair da bicicleta, eu vim correndo te mostrar o machucado. Exposto, ardendo, fazendo companhia a uma porção de cicatrizes. E, mesmo sabendo que ele, assim como todos os outros, iria fechar com o tempo, eu quis que você olhasse. Eu contei minha novela triste, aumentei o teor do drama. Me fiz de vítima, entregue, cansada. E você, outra vez, respondeu com silêncio. Esse silêncio confortável que só existe quando a minha cabeça encosta no seu ombro. Um silêncio que cuida, faz o tempo passar, diz mais do que qualquer conversa de regeneração. Preocupado em fazer o resto do caminho valer à pena, você colocou um abraço ao meu redor, e eu voltei a pedalar em segurança quando já achava que nem tinha porquê seguir...

Alegria. Queria te contar do quanto ainda me admirava descobrir algo tão doce, quando todos os doces já me pareciam amargos. Eu quis te falar do sol que eu vejo mesmo quando fica nublado, do tanto que o meu peito se aquece mesmo nesses dias de inverno. Quis avisar do quanto o tempo me surpreende, de como o contraste da vida aumentou, do quanto cinco dedos entrelaçados aos meus fizeram tudo ser possível. Você me abraçou e me fez dançar na chuva. Riu dos meus defeitos e me levou com o guarda-chuva até o carro. Acordou-me com café da manhã na cama e descobriu a melhor maneira de abraçar alguém enquanto dorme.

Final. O sol brilhou, ao mesmo tempo em que nuvens negras tomaram conta do dia. E aí fui eu que calei. Porque quando não sou eu que falo, quando o meu coração palpita e eu calo, é você que fala em mim.

Ah, se desejos para estrelas virassem realidade...

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