domingo, 31 de outubro de 2010

Perto do Fim

Silêncio.
As ideias não fluem. Simplesmente não mais são.
Conformismo e aceitação.
Não há em que pensar. Nada pra falar.
Força.
Para, sobretudo, entender e, enfim, aceitar o inaceitável.
Realidade.
Tudo está certo, principalmente quando se está mais perto do fim do que do começo.

sábado, 23 de outubro de 2010

Empirismo Humano

A priori, as pessoas nada conhecem. Nada sabem. Não são coisa alguma, senão apenas essência. São como uma folha em branco. Folha que, aos poucos, em função de tentativas e erros, ganha uma infinidade de cores e contrastes, formas e maneiras, sim e não.


Ideias inatas, resultantes da capacidade de pensar da razão, bem como o senso comum, são abandonados. O conhecimento é fruto de experiências vivenciadas, e estas, por sua vez, são as únicas e principais formadoras das ideias racionais. A sabedoria é adquirida pela abstração da realidade.


Mas, talvez, a autonomia dos sujeitos, que é responsável por provocar, de acordo com cada momento, variações de consciência, nunca permitirá que uma porção deles perceba e compreenda.


O fato é que “teorias de vida” não bastam. É somente através de experiências externas, advindas de sensações provocadas por fatos ocorridos ou vivenciados, seguidos de uma experiência interna, via reflexão, que a folha branca é preenchida com cores, retas, curvas e formas. É assim que aprendo. Assim que entendo. Assim cresço. Assim vivo.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Reencontro Irreal

Complexo é perder-se. É tão complexo que arranjei, sem demora, uma maneira de me reencontrar, embora isto possa ser apenas mais um equívoco que vivo em função de uma consideração inventada. O que é a vida senão a alternância entre instantes reais, que existem de fato, e aqueles que são resultado de nossa invenção, que abrem mão da exatidão e dão espaço para nossos desejos veementes?


"Um dia desse
Num desses
Encontros casuais
Talvez a gente
Se encontre
Talvez a gente
Encontre explicação..."
(Pra Ser Sincero - Engenheiros do Hawaii)

sábado, 16 de outubro de 2010

Frases Dispensáveis

Palavras formam frases. Ou o conjunto de substantivos, adjetivos, verbos, locuções, adjuntos (e toda essa parafernália) são responsáveis pela formação delas. Existem frases ou expressões de grande significação, como aquelas que demonstram asco ou adoração, aquelas que ditam regras ou a ausência delas, enfim, todas elas transmitem informações das quais necessitamos, ou então que são de grande valia.


Sem falar daquelas frases ditas num silêncio extremamente profundo, onde apenas a respiração se faz presente, e os olhos, magicamente, se encontram para transmitir, com célebre exatidão, tudo aquilo que as palavras não seriam capazes.


Mas, em contrapartida, existem aquelas expressões que não servem para absolutamente nada (ou quase nada), e são ditas apenas por “capricho” ou para disfarçar embaraçosos silêncios.


“Vai passar” não consola ninguém e não ajuda em nada.


“Desculpe qualquer coisa”, seria um constrangimento por existir?


“A gente se fala”, nada mais abstrato. Um dia, uma hora dessas, daqui um tempo, talvez na próxima encarnação.


“Eu não disse?” serve para provar que o indivíduo tem vocação para ser vidente. E também não ajuda em nada.


“Já passei por isso também” (às vezes seguindo de “e quem não passou, ainda vai passar”), para mim é uma das piores frases que alguém pode pronunciar. Simplesmente não consola. Eu, ao menos, nunca fiquei melhor em saber que não fui a única. Além de que cada um de nós sente, seja lá o que for, de forma única. Então é necessário pronunciar que já teve uma experiência igual.


Enfim, ainda acredito que o silêncio é a melhor das alternativas quando realmente não se tem algo de útil para falar. Aliás, acredito que o silêncio é, em alguns casos, interpretado de forma errada. Ele aparenta ser, muitas vezes, um castigo ou algo que demonstra a vontade do próximo de não falar, o que nos leva a pensar que tem algo de errado acontecendo. Muito se engana quem assim pensa. O silêncio é o melhor remédio quando não se tem o que dizer. Prefiro o silêncio a “abobrinhas” que só servem para “encher linguiça”. Prefiro o silêncio a falar por falar. Prefiro o silêncio a frases dispensáveis.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Panem et Circenses

Roma Antiga. Uma grave situação econômica trazia consigo diversos problemas sociais. Com receio de que os indivíduos se rebelassem contra a atuação dos governantes e exigissem melhores condições de vida, o imperador da época acabou criando uma política onde o objetivo principal era evitar a revolta da população através da distração da mesma, para que esta esquecesse as intempéries enfrentadas diariamente, como a exclusão e a desigualdade. Era o “Panem et Circenses” ou “Pão e Circo”. A metodologia era simples: Os estádios, como o Coliseu, eram, diariamente, palco de espetáculos sangrentos de gladiadores, ao mesmo tempo em que havia a farta distribuição de pão e trigo.

Acredita-se, portanto, que o “Pão e Circo” foi uma tática que conseguiu subverter as diferenças sociais e econômicas por meio do assistencialismo. Diz-se que a instituição desta política foi realizada com o intuito de reter a insatisfação da população menos favorecida, onde esta era ludibriada com a concessão de favores e diversão.

Sabe-se ainda que a medida romana não atingia a totalidade da população, que, na época, era comporta mais de um milhão de habitantes. Uma pequena parte dessa população tinha direito aos benefícios do Estado, e nem todos os plebeus tinham como acessar as arenas onde os espetáculos aconteciam.

Qualquer semelhança com o Brasil atual é mera coincidência. A “estratégia da diversão” continua existindo por aqui. Aliás, estratégias silenciosas para guerras tranquilas são as mais utilizadas. A alienação é promovida por vários fatores, como a programação televisiva, que boicota a realidade e glorifica o assistencialismo. O pão é distribuído na forma de programas, como o Bolsa Família. Estes, que também são conhecidos como agrados ou esmolas, deixam todos que os recebem muito satisfeitos, agradecidos e com um vistoso sorriso no rosto.

O que me assusta nisso tudo, é ter que ouvir no horário eleitoral gratuito que “esse País se preocupa com nós” ou “nós somos importantes para o País”, quando o cidadão se pronuncia em relação ao “pão” dado pelo governo. E, pra ser pior, lágrimas vêm aos olhos do sujeito. Confesso que aos meus também, mas por outro motivo, e ele é simples: Poucas são as vozes que tentam moderar as expectativas populares e muitas, com elevadas responsabilidades, as que as alimentam. Os governos se aproveitam das carências de seu povo para obter crescimento pessoal, em vez de desejarem crescer em conjunto. E, para mim, isso tudo não passa de uma forma de marketing, onde, em troca do pão, o partido ganha mais prestígio e importância perante a sociedade. É clichê, mas ganhar o peixe sempre foi, e sempre será mais fácil do que aprender a pescar. Deplorável.

O povo parece anestesiado. Apesar da corrupção generalizada, do atraso em relação ao resto do Planeta, do abandono escolar coexistindo com milhares de vítimas da exploração do trabalho infantil, das queimadas que destroem nossas florestas e do próprio sistema de distribuição de “peixes”, uma parcela dos brasileiros parece apenas estar preocupada com o próximo participante que irá sair de “A Fazenda”, com quem matou Saulo na novela das oito e quando o dinheiro do Bolsa Família estará disponível. Por quê? Porque estão sendo manipulados. Simples assim. E parece que não se dão conta disso.

Se o tempo que é gasto com alienação fosse preenchido com pensamentos e propostas de luta pela liberdade, existiria uma nova era.

Enquanto não houver o despertar, haverá reféns da própria ignorância. Estes, por sua vez, sempre farão da política brasileira do “Panem et Circenses” um sucesso indiscutível, campeão de bilheteria.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Bons Tempos

12 de Outubro, dia das crianças. Pois hoje eu não poderia deixar de lembrar da minha infância.
Que saudade desse sempre que não volta mais. Saudade de brincar na rua até o sol se pôr. Saudade de assistir Chiquititas e Castelo Rá-tim-bum, brincar de Barbie, montar casinhas e brincar de balanço, escorregador e gira-gira. Saudade até do Kinder Ovo que custava R$ 1.
Mas a maior de todas as saudades, é aquela da felicidade simples movida por desejos mais simples ainda, onde os momentos de escolha, que apareciam pelo caminho, eram extremamente modestos. 


Prazer, Mini-Carina (:


"Children don't stop dancing
Believe you can fly
Away... away"
(Don't Stop Dancing - Creed)

domingo, 10 de outubro de 2010

Coitadismo

Às vezes sou acometida por uma indignação extremamente profunda, pra não dizer visceral, por conta de certos comportamentos e certos modos de lidar com diversas coisas, as quais acabo presenciando. Pois é. É bem isso mesmo. Têm certas coisas que, ultimamente, me deixam meio indignada e causam até repulsão. Uma delas é a síndrome causada pelo vírus "Aedes Demim", conhecida como a "Síndrome do Coitadinho" ou coitadismo.


Os sintomas do paciente acometido pela Síndrome do Coitadismo são bastante peculiares e de fácil percepção. E, além disso, muitos indivíduos sofrem desse mal. É só parar e observar.


O coitadinho se vale de seu estado clinicamente desfavorável como desculpa para a preguiça física e mental, o conformismo, para a negação de sua responsabilidade, para com a involução de seu trabalho e emula, psicologicamente, um pseudo-consolo para justificar, camuflar, alimentar e perpetrar as próprias limitações e erros. O indivíduo que sofre de coitadismo, desenvolve, ainda, uma empatia com o miserável, o pobrezinho, o sofredor e alimenta um repúdio primitivo àquele que consegue vencer, chegar lá e ser considerado o melhor. O coitadinho, portanto, não só acha que não tem condições de crescer às custas de seu próprio trabalho como ainda espera que ninguém mais também o tenha.


O pior de tudo, é que esse tipo de enfermidade cria ilusões de que tudo deveria ser dado sem o menor esforço, bastando, para isso, apenas que o doente desejasse algo. Como consequência, o paciente passa a viver seus dias num estado rancoroso, reclamando de tudo e de todos pela sua má sorte, a qual, obviamente, ele atribui aos demais, menos a si mesmo. Mudando de assunto, é por isso que, atualmente, a política é como é. Os votos vão para aquele que, através de ações muito bem pensadas, conquistam a massa acometida pelo coitadismo e que segue a "Lei do Menor Esforço". Bem, mas isso é assunto para outro dia.


O certo é que não devemos ficar sentados lamentando as mais diversas problemáticas da nossa vida, e muito menos esperar que tudo seja nos dado de mão beijada por pena ou compaixão. Não quero que meu texto pareça um capítulo de livro de autoajuda, mas o que está faltando para algumas pessoas é fazer acontecer, é acreditar na própria capacidade. Acreditar que se pode ir além pelas próprias mãos, pelas próprias ações, pela própria personalidade. Não pelo fato de receber qualquer tipo de benefício que cai do céu, sem mais, nem menos. Somos nós que devemos correr atrás daquilo que almejamos para nossas vidas, além de aceitar tantas outras coisas sem apelar para o coitadismo. Afinal, não somos nós que temos as rédeas da nossa vida? Se não está bom assim, mude. Não sinta-se coitado. Corra atrás. Não se acomode nem espere. Seja o autor da sua própria história e não entregue as rédeas da sua vida a ninguém... NINGUÉM!

sábado, 9 de outubro de 2010

Constante Inconstância

Porque tudo (ou quase tudo) é mutável, inclusive eu.
Como as fases da lua: Nova, crescente, cheia e minguante.
Como o dia que sucede a noite, e esta dá lugar à um novo dia.
Como as estações: O colorido das flores dá lugar ao calor do verão, que cede espaço às folhas do outono, que, por sua vez, abre caminho para o frio do inverno.

Simples assim.

sábado, 2 de outubro de 2010

Arriscando

Todos aqueles que se propõem a voar, a ir além, a superar as expectativas, devem saber que estão sujeitos às intempéries. Mas é preciso, enfim, enfrentá-las. Caso contrário, passamos toda a existência vivendo a rotina tacanha de rastejar, de ficar rente ao chão, arrastando-se devagar e sempre, e tomando o máximo de cuidado para que nada de imprevisível aconteça. Mas será mesmo que fomos feitos para isso? Para, simplesmente, rastejar? Não posso acreditar nessa hipótese, e nem quero. Prefiro supor que a força da coragem ainda existe. E que ela é como um impulso revitalizante, uma locomotiva que nos transporta. Ter coragem é, sobretudo, ter certeza de que a fascinante aventura da vida não perderá os seus mais atrevidos e sedutores momentos.